segunda-feira, 15 de junho de 2009

Rio das Ostras Jazz & Blues Festival - Dia 4 (13/6)

Hammond e Spyro Gyra encerram a Costazul

Tradicionalismo, blues e 'pop' fecharam a programação do palco Costazul, o p
rincipal do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival. The Bad Plus, John Hammond Quartet e Spyro Gyra foram as atrações deste sábado e bateram um bolão.

Antes, Coco Montoya cumpriu a promessa e mudou bastante seu setlist para a apresentação que fez no palco da Praia da Tartaruga. Com um show mais longo, Montoya trocou praticamente todo o repertório, dando mais espaço para seus músicos, em um show que pareceu menos animado do que o da noite anterior, mas que agradou muito ao público que ainda foi brindado com um belo fim de tarde.

Improvisação e Pink Floyd


A noite do palco principal do festival começou com o jazz cheio de improvisação e
covers de canções de rock (U2 e Pink Floyd, por exemplo) do The Bad Plus, que esteve acompanhado fa cantora Wendy Lewis.

Famoso pelas covers e pelo uso (algumas vezes exagerado) de acordes dissonantes, Reid Anderson (baixo), David King (bateria) Ethan Iverson (piano) fizeram uma apresentação que capturou a atenção da platéia – hora pela sonoridade pouco usual de alguns temas, hora pelos arranjos de canções conhecidas como Comfortably Numb e New Year's Day.

O clima (bem menos frio que na noite anterior e sem chuva) ajudou o grupo, que elevou os decibéis do jazz tocado durante o festival. O grupo - que já foi rotulado de punk jazz – alternou números instrumentais com outros onde o vocal de Wendy Lewis se destacava. No fim, opiniões divididas sobre o que funcionou melhor, mas a certeza de que foi um bom início de noite.

Um Robert Johnson branco


Pela primeira vez no país com uma banda, John Hammond acrescentou ao seu
violão/dobro e gaita o baixo de Marty Ballou, a bateria de Neil Gouvin e os teclados de Bruce Katz, dando mais cores ao seu blues tradicional.

Hammond levou para Rio das Ostras um verdadeiro mosaico dos seus 40 anos de carreira, onde já tocou com nomes como Muddy Waters, Willie Dixon e John Lee Hooker, além de ter sido um dos responsáveis pelo descobrimento de Jimmy Hendrix. Seu show é baseado em canções onde a influência de Robert Johnson é inegável e proposital, embora faça uma careta sempre que tentam rotulá-lo como um Robert Johnson branco.

A habilidade com o violão e o dobro (violão com corpo de metal) e o entrosamento com a ótima banda, foram os pontos altos de uma apresentação que, assim como a do Bad Plus, pareceu hipnotizar a platéia. Com certeza o mais puro representante do blues – entre as atrações internacionais - da edição 2009 do festival.

Spyro Gyra: os pop stars do jazz

Com vários Grammys e milhões de discos vendidos na bagagem, o Spyro Gyra e seu pop jazz foram os escolhidos para encerrar a programação do palco principal da 7ª edição do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival.

Scott Ambush (baixo), Jay Beckenstein (saxofone), Julio Fernandez (guitarra e vocais), Tom Schuman (piano) e Bonny B. (bateria, percussão e vocais) mostraram que ainda tem muita lenha para queimar e que sabem dominar uma platéia que já tinha experimentado todo o tipo de tendência musical nos dias anteriores.

Com sua mistura de ritmos – que inclui soul, ritmos caribenhos e jazz, claro – o grupo recebeu uma das mais calorosas recepções do evento em praticamente todos os números apresentados. Não houve um momento sequer no qual a platéia ficasse parada ou parecesse fazer força para gostar do que estava ouvindo. Mesmo ainda tendo que se apresentar na Praia da Tartaruga no dia seguinte, o Spyro Gyra não procurou se poupar em nenhum momento.

Uma bela maneira de encerrar uma das melhores edições do festival nos últimos anos, mesmo com toda a crise econômica, que poderia ameaçar a qualidade e até mesmo a realização do evento.

Que venha 2010!

sábado, 13 de junho de 2009

Rio das Ostras Jazz & Blues Festival - Dia 3 (12/6)


Baile para espantar a chuvaDepois de um dia dos namorados totalmente chuvoso, a noite começou com a decisão da produção em atrasar o início das apresentações no palco da Costazul em 1 hora. Passando das 20h para as 21h. Infelizmente não funcionou para os nova iorquinos do Rudder, que tocaram para um público pequeno por conta da chuva. Pena, porque o grupo fez uma apresentação muito superior do que a do dia anterior. Principalmente porque o som distorcido da tarde de quinta desapareceu e tirou qualquer má impressão do grupo. Emerson, Lake and Palmer e outras influências progressivas continuaram, mas com muito mais qualidade.

Coco Montoya: um verdadeiro Bluesbreaker

Seguindo a tradição de bons guitarristas descobertos por John Mayall – pai do blues inglês e grande estrela da edição 2008 do festival – Coco Montoya subiu ao palco e encontrou um público animado, seco e que quase lotava todo o espaço reservado para ele.

O músico fez sua mistura de blues, rock'n'roll e baladas, com muita energia e uma animação que contagiou todos os que estavam assistindo na frente e até mesmo no backstage. Com homenagens a John Mayall e Albert Collins, o set de Montoya foi direto ao ponto, utilizando ao extremo a técnica e humor do músico (aguarde a entrevista exclusiva feita com ele). Uma sucessão de solos, riffs e ritmos que não deixou ninguém parado.
Com certeza o momento mais blues e rock'n'roll da edição 2009 do festival.

Big-Bailão dançante

Se há algo do qual ninguém pode reclamar é do público do festival. Mesmo nas apresentações mais difíceis todos mostram interesse e respeito pelos artistas, aspecto que vai se notabilizando a cada edição e que é sempre merecedor de destaque, já que a população das cidades da região são muito mais interessadas em ritmos e nomes popularescos do que os moradores de Rio das Ostras. Palmas para o público e para a prefeitura, que poderia estar gastando dinheiro trazendo artistas populares de nível duvidoso mas gasta sua energia procurando escolher grandes nomes da música, que aliem talento e qualidade.

O nariz de cera é porque a última atração da noite – a Big Time Orchestra – causou uma divisão entre os jornalistas presentes. Uns acharam o show ótimo, outros bom, mas dizendo que a banda estava fora do contexto, enquanto outros diseram ter achado chato mesmo. O importante é que o público adorou, cantou dançou e se divertiu como poucas vezes aconteceu nos últimos anos.

Formada por 12 músicos - Lilian Nakahodo (teclado), Zorba Mestre (vocal), Fabiano Cordoni (baixo), Andre Ricciardi (bateria), Ronnie Panzone (guitarra), Jaquerson Bueno (trompete), Oscar Costa e Silva (trompete), Luiz Jiraya (trombone), Raule Alves (trombone), Jeronimo Bello (sax barítono), Marcio Rangel (sax tenor) e Everson Martins (sax alto) – a Big Time mistura rock, com blues, músicas de seriados e muitos clássicos do boogie woggie, típicas das big bands. Cheios de humor, fazem uma apresentação onde fica difícil não reconhecer uma canção ou alguma parte dos arranjos.

Teve gente dizendo que a apresentação ficou com clima de Celebrare (maldade pura), mas (para mim) deu uma vontade danada de vivido algumas décadas antes do meu nascimento. Afinal, canções dos anos 30 e 40 aliadas a temas como Havai 5.0 e Flinstones são uma combinação irresistível.

Rio das Ostras Jazz & Blues Festival – Dia 2 (11/6)

O segundo dia da sétima edição do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival começou com ameaça de chuva, que só se concretizou durante a noite, deixando as apresentações de Ari Borger (palco da Lagoa do Iriry) e do grupo novaiorquino Rudder (Praia da Tartaruga) correrem (quase) sem transtornos.


Rudder distorcido


Tocando provavelmente para a sua maior platéia até hoje, os integrantes do grupo, que faz uma mistura de jazz, pop e fusion e, segundo a produção do evento, tem um som que cruza as fronteiras entre estilos e sonoridades, parece ter exagerado no volume. Com isso, grande parte do público que lotou a Praia da Tartaruga ficou na dúvida se aquele era mesmo o som do grupo ou se havia algo errado, principalmente em alguns timbres do teclado de Henry Hey. Seria assim mesmo na cena alternativa de NY?

O quarteto – também composto por Chris Cheek (saxofones), Tim Lefebvre (baixo) e Shawn Pelton (bateria) – por horas parecia uma espécie de Emerson, Lake and Palmer semi pop, usando efeitos como wah-wah no sax e cheios de empolgação. Tanta empolgação que chegaram a pedir para que todos dançassem durante o solo de bateria (?!).

Ficou a expectativa para a apresentação no palco principal, na sexta-feira.

Noite com chuva e Pipoquinha

Os trabalhos no palco da Costazul foram abertos pelo gaitista Jefferson Gonçalves e sua banda, apresentando sua mistura de blues, forró, baião, xaxado e xote, apresentados em seu último CD – Ar Puro (2008), além do repertório tradicional de blues.

Como atração especial foi convidado o baixista Michael Lima,, de 13 anos, conhecido como Pipoquinha, que depois do Domingão do Faustão se tornou uma das grandes atrações do festival e ajudou Jefferson a esquentar a platéia.

Depois de Jefferson, subiu ao palco o Pau Brasil, quinteto formado em 1979 e que ganhou respeito na cena instrumental brasileira. O grupo, que foi o primeiro grande prejudicado pela chuva, fez a apresentação mais brasileira, com vários temas da MPB relidos de maneira muito original.

Infelizmente, cada pancada de chuva afugentava parte do público, que corria a procura de abrigo. E as pancadas foram muitas e fortes.



Senhor simpatia

Para fechar a noite, uma das atrações mais esperadas: Jason Miles e seu tributo a Miles Davis. O show In the Spirit of Miles Davis segue a linha do CD Miles to Miles, que procura imaginar em qual direção a música do trompetista estaria seguindo, caso ele ainda estivesse vivo.

Miles se mostrou a figura mais simpática do festival, parando para fotos e (longas) conversas com todos. No palco esteve sempre comunicativo, usando até mesmo uma intérprete e pedindo a participação de todos. Até mesmo apresentou seu baterista (Brian Dunne) como Ronaldo, já que o músico vestia uma camisa da seleção brasileira.


Com temas longos e hipnóticos, lembrando em muitos momentos a sonoridade do funk americano, Miles e sua banda - Jerry Brooks (baixo), Brian Dunne (bateria), DJ Logic e Michael ”Patches” Stewart (trompete) – não mereciam o dilúvio que atingiu a cidade e fez com que sua apresentação fosse encurtada. Uma das melhores apresentações da programação.

Sexta é dia de dançar com Coco Montoya e a Big Time Orchestra.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Instrumentais brasileiros abrem o festival de Rio das Ostras



A edição 2009 do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival começou com a tradicional apresentação da Orquestra Kuarup, formada por 25 músicos alunos e ex-alunos do Centro de Formação Artística da Fundação Rio das Ostras de Cultura, que fez uma bela homenagem a Tom Jobim, com sua mistura de clássico e popular.

No Parquinho do Duofel

Com a programação estritamente dentro do horário, a dupla paulista Duofel, formado pelos violonistas Luiz Bueno e Fernando Melo e que teve a luxuosa participação de Fábio Pascoal, filho de Hermeto Pascoal, na percussão. Misturando o sertão com a Espanha e o clássico com o pop, o duo fez a melhor apresentação da noite, marcada pelo inusitado tratamento dado pelos músicos aos temas e aos instrumentos. Uma demonstração de que 31 anos de parceria deixam, além do entrosamento, muito espaço para a improvisação.

O repertório passou por Tom Jobim, Baden Powell, Egberto Gismonti e outros grandes compositores. O toque final ficou por conta do bis, onde Disparada (Jair Rodrigues) se misturou com Beatles (Norwegian Wood (This Bird Has Flown) e Eleanor Rigby) em arranjos nada usuais, que arrancaram muitos e merecidos aplausos do público.

Ari Borger e seu Hammond

Para fechar a 1ª noite de espetáculos, o pianista e organista Ari Borger e seu quarteto – formado por Celso Salim (guitarra), Humberto Zigler (bateria) e Marcos Klis (baixo acústico) – esquentaram a platéia que preferiu trocar a partida entre Brasil e Paraguai, pelas Eliminatórias, pela boa música.

Tendo no currículo a honra de ter dividido o palco com mestres como Johnnie Johnson e Clarence Gatemouth Brown, Ari e seu Hammond B3 conseguiram os aplausos mais entusiasmados de quem foi até o palco da Costa Azul. A técnica impecável e a boa escolha dos temas fizeram com que ninguém arredasse o pé antes do fim da apresentação, que teve jazz, blues, boogie woogie e, coincidentemente, uma versão de Norwegian Wood que, assim como Georgia On My Mind, em 2008, saiu na frente na corrida para ser a 'música do festival'.

Hoje teremos Jason Miles, Pau Brasil e Jefferson Gonçalves. Promete.

domingo, 7 de junho de 2009

Marcelo Costa Santos intimista

Quem foi na quinta-feira assistir ao show do Marcelo no Cinemathèque viu um artista solto, maduro e cheio de graça (e de graça!). O público não foi grande, o que ajudou ao clima de intimidade. 

Não foi um show tecnicamente perfeito (deve melhorar nas próximas semanas), mas o repertório e a disposição do cantor compensaram. 

Adorei!

Carla Nunez - Flamengo


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Cantando com a mesma voz gostosa e o mesmo jeito dengoso de menino do Rio, Marcelo, agora, Costa Santos, merece resgatar o sucesso que lhe foi dado pela televisão,  mostrando ao vivo, e não em play-back, o artista talentoso que se escondeu por trás dos sucessos lançados em programas de auditório.

Joaciara Nunes - Niterói


quinta-feira, 4 de junho de 2009

Cinema: Duplicidade

Reviravoltas, ritmo acelerado, linguagem e direção que lembram 11 Homens e 1 Segredo e um casal cheio de química. Assim pode ser resumido o longa Duplicidade, estrelado por Julia Roberts e Clive Owen, que interpretam um casal de espiões que vivem dando e sendo vítimas de trambiques.

Com uma história contada de maneira não-linear, cheia de flashbacks, o filme, dirigido por Tony Gilroy (Conduta de Risco), agrada muito pelo bom entrosamento do casal de protagonistas. Se o rosto já dá sinais da idade e se o andar já não é tão elegante, Julia 'Uma Linda Mulher' Roberts está cada vez melhor como atriz. Madura e ainda sensual. Já Clive Owen (Elizabeth) mantém o sotaque e uma certa pose de galã dominado pela fêmea. Perfeitos um para o outro.

A trama é um turbilhão de reviravoltas em torno de espionagem industrial de empresas farmacêuticas. Um pequeno detalhe, já que o que vale são mesmo os momentos nos quais ficamos pensando se tudo vão dar certo ou não.

Ok, poderia ter uns 15 minutos a menos, mas deve fazer sucesso e se tornar uma bela Sessão da Tarde.

Entra em cartaz nesta sexta-feira, 5/6.